Jornal de Coura
Informação não tratada arquivisticamente.
Nível de descrição
Série
Código de referência
PT/MPCR/CJPCR/001
Tipo de título
Atribuído
Título
Jornal de Coura
Datas de produção
1895-12-01
a
1896-08-02
Dimensão e suporte
9 jornais; papel
História administrativa/biográfica/familiar
No dia 1 de Dezembro de 1895, domingo, saía à estampa a primeira edição do “Jornal de Coura”, e inaugurava-se a ansiada fundação da imprensa no concelho. O semanário teve como primeiro diretor e proprietário João de Sousa Lobo. Natural de Ponte de Lima, trabalhou desde tenra idade no meio jornalístico, tendo assumido cargos de responsabilidade em diferentes títulos da região norte do país. Com formato in-folio, de quatro páginas, o periódico foi impresso na “Typographia do Jornal de Coura”. O título, preenchido a bold, denotava sobriedade. Da redação faziam parte, à data da fundação do jornal, na qualidade de redatores principais, duas destacadas figuras do concelho de Paredes de Coura: Bernardo Chouzal, futuro Cónego da Sé de Évora - notabilizou-se no país pela faceta de “orador sagrado” - e o Padre Casimiro Rodrigues de Sá, personalidade proeminente na implantação da República, que viria a ser eleito deputado, pelo círculo de Viana do Castelo, à Assembleia Nacional Constituinte.Intitulado “A que vimos”, o editorial justifica as razões da façanha jornalística então empreendida. Para que se perceba melhor, 40 anos separam o lançamento do título courense do vianense “A Aurora do Lima”, fundado em 15 de Dezembro de 1855. O tom é, por isso, de regozijo. “Vimos trazer a luz da imprensa, o facho do progresso (…),aonde até hoje ainda não haviam brilhado”.Num artigo de jornal, publicado em 1995, para assinalar o 1º centenário do advento da imprensa, o historiador Jofre Monteiro Alves evoca a importância desse acontecimento: “foi há 100 anos que os courenses deixaram de comunicar entre si através de folhas soltas, umas manuscritas, outras datilografadas. Filhos de uma ínclita geração, como o Cónego Bernardo Chouzal, Abade Casimiro Rodrigues de Sá e Pe. Guilherme Machado, com o apoio técnico do tipógrafo Sousa Lobo, o único que não era de Coura, tiveram a coragem de fazer o primeiro jornal das Terras de Coura”.Não deixa dúvida quanto ao perfil dos obreiros do jornalismo: “para além de Miguel Dantas, também um homem daquele tempo, Bernardo Chouzal e Casimiro Rodrigues de Sá foram os maiores do seu tempo, os mais cultos, os mais interventores, os mais bairristas”, sublinha.A partir do nº 15 assume a propriedade do periódico o Padre Alfredo José da Silva Machado, que acumulava as funções de editor responsável, contando com a colaboração do ilustre redator Padre Casimiro Rodrigues de Sá, também conhecido como o “Abade de Padornelo”.Refira-se que o “Jornal de Coura” surgiu num contexto de acesa disputa eleitoral concelhia, provocada por uma cisão no seio do Partido Regenerador.Por esse motivo, viria a ser publicado com o mesmo título por dois grupos pertencentes a fações partidárias antagónicas. Houve, assim, duas edições: a original que começou no nº1, e a segunda que se iniciou com o nº 15. Na monografia “No Alto Minho Paredes de Coura”, Narciso Cândido Alves da Cunha explicita a criação das duas fações, a dos velhos, que tinha por chefe o falecido Conselheiro Miguel Dantas e a dos novos, capitaneada pelo snr. Dr. António C. Nogueira. Deste modo, a primeira edição ficou conhecida como “Os Velhos”, enquanto a outra, afeta à fação do Dr. António Cândido Nogueira, adversário político do Conselheiro Miguel Dantas, se denominava de “Os Novos” ou “Guarda Nova”. Era seu administrador Franquelim de Oliveira Bastos, tendo como redatores políticos Bernardo Chouzal e o Padre Manuel Joaquim de Figueiredo.Segundo o presbítero e jurista, o jornal da “Guarda Velha” cessou a publicação no dia 30 do Agosto de 1896, com o nº 40.
Âmbito e conteúdo
Título: Jornal de Coura Procedência: Arquivo Privado da Casa do Outeiro
Condições de acesso
A maioria das publicações periódicas pode ser comunicável - artigo 75º do «Código do Direito de Autor e dos direitos Conexos».
Condições de reprodução
A reprodução está sujeita a restrições que se prendem com o tipo de documento, o seu estado de conservação e o fim a que se destina. Reprodução sujeita à tabela emolumentar em vigor.
Idioma e escrita
Português
Características físicas e requisitos técnicos
Razoável estado de conservação.
Instrumentos de pesquisa
Catálogo
Notas de publicação
Referência bibliográficaCUNHA, Narciso C. Alves da - No Alto Minho, Paredes de Coura. Paredes de Coura: Ed. fac-similada da Câmara Municipal de Paredes de Coura, 2002. ISBN 972-98679-1-7. ALVES, Jofre Monteiro - 100 anos da imprensa Periódica Local. O Coura. Paredes de Coura. Nº176 (1995), p. 1. CLÁUDIO, Mário - Coura, uma fotobiografia. Paredes de Coura: Câmara Municipal de Paredes de Coura, 2013. ISBN 978-972-98679-9-6. TENGARRINHA, José - História da Imprensa Periódica Portuguesa. Lisboa: Editorial Caminho, 1989. ISBN 972-21-0396-2.