A criação das misericórdias remonta ao reinado de D. Manuel I, caracterizado pela modernização administrativa e período expansionista dos descobrimentos. A título de contextualização histórica, refira-se que a Misericórdia de Lisboa foi fundada em 15 de agosto de 1498.
Daí em diante, muitas outras “Santas Casas” foram sendo instituídas em todo o país para dar cumprimento às obras corporais e espirituais, numa ação caritativa cuja prática radicava na Idade Média.
Exerciam, assim, um vasto conjunto de atividades destinadas a colmatar as carências dos mais desprotegidos, que passavam por alimentar quem tivesse fome, assistir aos enfermos, visitar os presos, enterrar os mortos, bem como rogar a Deus por vivos e defuntos.
A importância social e histórico-cultural da Confraria do Espírito Santo, no domínio assistencial, está na génese da fundação tardia, quando comparada com as suas congéneres distritais, da Irmandade da Misericórdia de Paredes de Coura.
Os estatutos da Misericórdia foram aprovados em 24 de janeiro de 1885. No artigo 2º, do capítulo I, a instituição invoca o auxílio da Virgem Santíssima, como sua padroeira, para realizar os seus fins, que são em geral, socorrer a humanidade enferma e indigente, tanto corporal, como espiritualmente.
As elites locais contribuíram decisivamente, com as suas ideias e poderio financeiro, para os alicerces da nova instituição, salienta o historiador Vítor Paulo Pereira no trabalho “A Irmandade da Misericórdia de Paredes de Coura: contributos para a história de uma instituição”.
Regressado do Rio de Janeiro, para onde emigrara no alvor da juventude, Miguel Dantas Gonçalves Pereira foi o primeiro Provedor. Começou por mandar erigir, na parte alta da vila, o novo Hospital, traço de Joaquim Pedro Oliveira Martins.
As obras de pedreiro e de carpinteiro foram executadas pelos mestres António José Góis de Melo e Joaquim Carvalhosa, de Lanhelas e Seixas, respetivamente.
Segundo os escritos de Narciso Cândido Alves da Cunha na monografia “No Alto Minho - Paredes de Coura”, importou a construção daquele edifício em 16 mil reis.
A nova estrutura hospitalar sucedeu ao antigo Hospital da Caridade, sob a alçada da Confraria do Divino Espírito Santo.
Pertença da Santa Casa, o imóvel, que na segunda metade do século XX, acolheu as instalações do Centro de Saúde de Paredes de Coura, foi reconvertido para Unidade de Cuidados Continuados.